Em primeiro lugar, analistas destrincham os motivos para uma queda tão expressiva e traçam perspectivas:
A XP Investimentos ressalta que a lucratividade foi o ponto negativo. Após 7 trimestres de expansão de margem, a margem bruta caiu 20 pontos base devido a efeitos pontuais na Argentina (-0,5 ponto percentual, ou p.p), enquanto o mix de produtos (maior participação de presentes) e esforços comerciais táticos compensaram parcialmente uma melhor mistura de países e ganhos da Onda 2 (de integração das operações).
A margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) ajustada caiu 2 p.p. devido à reclassificação de investimentos em TI de Capex para Opex (-1,6 p.p), o que deve continuar até o primeiro semestre de 2025, e os royalties da Avon (-0,5 p.p), enquanto a pressão sobre despesas gerais e istrativas (G&A) resultou de investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e iniciativas omnichannel (multicanais).
O prejuízo líquido, de R$ 439 milhões, foi impactado por efeitos pontuais relacionados ao Chapter 11 (espécie de recuperação judicial nos EUA) da Avon Products Inc. (API). A empresa teve despesas de R$ 472 milhões relacionadas ao seu apoio ao Chapter 11 da API, além de custos de transformação mais altos (R$ 260 milhões) devido à implementação da Onda 2 na Argentina e no México. Isso também restringiu a geração de fluxo de caixa livre das operações continuadas, que ficou negativa em cerca de R$ 210 milhões (excluindo vendas de ativos) ou positiva em R$260 milhões excluindo os efeitos da API.O Bradesco BBI aponta que essa liquidação se deve a uma mix de (1) revisão de lucro por ação para baixo, (2) alguma redução nas expectativas e menor benefício da dúvida, bem como (3) a abordagem de “vender primeiro, perguntar depois”, que parece ser o “novo normal” no ambiente de mercado atual.
Os analistas do BBI dão algumas opiniões sobre esse desempenho:
Os resultados e a teleconferência do 4T24 justificam uma revisão de lucro por ação em 30%? O BBI acredita que não, mas reconhece que há razões para alguma redução do patamar das ações, bem como um “menor benefício da dúvida”.
Além dos resultados em si, os analistas destacam dois pontos principais durante a teleconferência de balanços, em nossa opinião, levantaram mais perguntas do que respostas sobre a revisão da margem daqui para frente:
(2) Custos de transformação: esses custos resultaram em um impacto de margem de cerca de 2,0-2,5 p.p. nos últimos 2 anos e a gerência mencionou que eles podem pesar novamente em 2025, mas sem quantificá-los, ainda sugerindo que há muito a ser feito – os analistas do BBI e o mercado esperavam que essa linha desacelerasse em 2025.
Se o desempenho da ação na sexta fosse justificado pela revisão do lucro por ação, isso implicaria em uma revisão de margem para baixo entre 2,5-3,0 pp, nos cálculos do banco.
O BBI, no entanto, vê que as razões por trás da ação do preço podem não estar estritamente relacionadas às revisões, mas sim devido às expectativas de “desancoragem” e menor benefício da dúvida dos investidores até certo ponto.